ATA DA SÉTIMA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 28.10.1998.
Aos vinte e oito dias do mês de outubro do ano de
mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e cinqüenta
minutos foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói
Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, José Valdir, Juarez Pinheiro,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol,
Renato Guimarães e Milton Zuanazzi. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Carlos Alberto Garcia, Henrique Fontana, João Motta e Maria do
Rosário. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e registrou o transcurso, hoje, do Dia do
Funcionário Público. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram: em 5ª
Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 36, 37, 38, 39 e 35/98, este
discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Gerson Almeida, Cláudio Sebenelo e
Reginaldo Pujol. Na ocasião, os trabalhos estiveram regimentalmente suspensos,
das dezesseis horas e dez minutos às dezesseis horas e quinze minutos. Também,
durante a discussão da Pauta Especial, o Senhor Presidente destacou a
necessidade de que os Oradores na tribuna atenham o teor dos seus discursos à
matéria em debate. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Antonio
Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo
o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gilberto
Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação,
Cultura e Esportes. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram
aprovados Requerimentos dos Vereadores Clênia Maranhão e Pedro Ruas, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossados na vereança os Suplentes Sebastião Melo, em
substituição à Vereadora Clênia Maranhão, e Mário Fraga, em substituição ao
Vereador Pedro Ruas, informando que Suas Excelências integrarão, respectivamente,
as Comissões de Educação, Cultura e Esportes e de Economia, Finanças e
Orçamento. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn teceu
considerações acerca do programa de Orçamento Participativo implantado pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, defendendo a sua institucionalização e
destacando a necessidade de compatibilização e harmonização da democracia
participativa com a democracia representativa, simbolizada por este
Legislativo. O Vereador Sebastião Melo, ao referir-se aos resultados das
eleições para o Governo do Estado, comentou frase afixada na porta do gabinete
do Vereador José Valdir, afirmando ser a mesma ofensiva ao PMDB e requerendo
providências para a aplicação do Código de Ética Parlamentar quanto ao assunto.
Na ocasião, face Questões de Ordem dos Vereadores Sebastião Melo e José Valdir,
o Senhor Presidente prestou informações a respeito dos procedimentos a serem
adotados para análises com base no Código de Ética Parlamentar deste
Legislativo. Às dezesseis horas e trinta e um minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e trinta e dois
minutos, constatada a existência de “quorum”. Também, o Vereador José Valdir
formulou Requerimento verbal, indeferido pelo Senhor Presidente, solicitando a
concessão do Tempo Especial previsto na alínea “f”, § 1º, artigo 94 do
Regimento. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Rivo
Buhler, ex-Vereador do Município de Montenegro, e o Vereador Gerson Almeida
manifestou-se, registrando a presença do Vereador Alex Tapia, do Município de
Viamão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia registrou o
transcurso, hoje, do Dia do Funcionário Público, comentando as dificuldades
enfrentadas por esta categoria no exercício das suas funções, seja a nível municipal,
estadual ou federal. Teceu críticas ao Governo Federal pelas medidas econômicas
e fiscais adotadas para a manutenção do Plano Real, discorrendo sobre os
reflexos que tais medidas acarretarão para a população brasileira. O Vereador
Pedro Américo Leal procedeu a análises estruturais e históricas a respeito da
atual situação econômica observada no Brasil e no Exterior, manifestando-se a
respeito do pacote econômico-fiscal implantado pelo Governo Federal e
declarando a necessidade de que sejam adotadas medidas que objetivem o aumento
na qualidade de vida da comunidade. O Vereador José Valdir, reportando-se ao
pronunciamento do Vereador Sebastião Melo, discorreu sobre a liberdade de
expressão, defendendo a livre manifestação de idéias por parte dos Senhores
Vereadores em seus gabinetes. Também, criticou a implantação das medidas
econômicas de ajuste do Plano Real, afirmando serem tais medidas prejudiciais
aos trabalhadores brasileiros. O Vereador Cláudio Sebenelo falou sobre aspectos
conceituais referentes às normas de conduta e de ética parlamentar a serem
observadas pelos Senhores Vereadores durante as atividades nesta Casa. Ainda,
defendeu a concessão de reajuste salarial aos municipários, especialmente aos
servidores do Hospital de Pronto Socorro. O Vereador Lauro Hagemann parabenizou
o funcionalismo público pelo transcurso do seu dia. Manifestou sua
inconformidade com as medidas econômicas e fiscais lançadas pelo Governo
Federal, tecendo considerações sobre a sistemática de obtenção de recursos e a
forma como vem sendo conduzida a economia nacional. Finalizando, discorreu a
respeito do resultado do segundo turno das eleições para Governador no Rio
Grande do Sul. A seguir, foi aprovado o Requerimento verbal da Vereadora Maria
do Rosário, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão,
por dezesseis votos SIM, dois votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Carlos Alberto Garcia, Renato
Guimarães e Isaac Ainhorn, em votação nominal solicitada pelo Vereador
Reginaldo Pujol, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada,
Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique
Fontana, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães, Milton Zuanazzi e Mário Fraga,
Não os Vereadores Paulo Brum e Reginaldo Pujol e tendo optado pela Abstenção o
Vereador Hélio Corbellini. Na oportunidade, o Vereador Gilberto Batista
formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando
cópias do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, parcialmente vetado, e o Senhor
Presidente, face à manifestação do Vereador Reginaldo Pujol, prestou
esclarecimentos a respeito do prazo para disponibilização das cópias solicitadas
pelo Vereador Gilberto Batista. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Gilberto
Batista saudou o transcurso, hoje, do Dia do Funcionário Público. Reportou-se
ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Sebastião Melo em Comunicação de Líder
e congratulou-se com os Vereadores Henrique Fontana e Maria do Rosário, pela
expressiva votação obtida nas eleições do dia quatro de outubro do corrente. Na
ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença dos Senhores José Carlos
Mello D’Ávila e Ubiratan de Souza, respectivamente ex-Diretor-Presidente da
Empresa Porto-Alegrense de Turismo – EPATUR e Coordenador do Gabinete de
Planejamento do Governo Municipal – GAPLAN. A seguir, constatada a existência
de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e apregoado o Parecer nº 302/98, da
Comissão de Constituição e Justiça, relativo ao Projeto de Lei do Executivo nº
17/98 (Processo nº 1798/98). Em Discussão Geral e Votação, foi votado
destacadamente o artigo 1º do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, com Veto
Parcial, obtendo quatorze votos NÃO, tendo votado os Vereadores Adeli Sell,
Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães e Mário Fraga, votação esta
declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de “quorum”
deliberativo. Na oportunidade, respondendo a questionamento do Vereador
Guilherme Barbosa, o Senhor Presidente prestou informações acerca da presença
dos Senhores Vereadores durante a votação acima referida. Às dezoito horas e
quarenta e três minutos, constatada a inexistência de “quorum” deliberativo, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e
Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Reginaldo
Pujol. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda
à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de quórum para abrirmos
os trabalhos da 7ª Sessão Extraordinária. (Após a chamada.) Há quórum.
O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, este Vereador não foi
chamado e a licença do Ver. Nereu D’Ávila, já votada, foi de segunda a
quinta-feira.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, tenho certeza de que a licença
do Ver. Nereu D’Ávila é até quinta-feira. Vamos registrar a sua presença.
Srs.
Vereadores, hoje é o Dia do Funcionário Público. Ontem, nós comemoramos esta
data em uma Sessão Solene e um coquetel oferecido aos funcionários e
Vereadores; hoje, estamos distribuindo bombons com mensagem a todos os
funcionários pela passagem do seu dia.
Quero,
mais uma vez, cumprimentar a todos os funcionários da Casa e do Município de
Porto Alegre. (Palmas.)
Passamos
à
PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR
5ª SESSÃO
PROC.
2888/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexos I e II.
PROC.
2889/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2890/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2891/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexo I.
PROC.
2892/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício
econômico-financeiro de 1999. Com Anexo
I.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
necessário que, nos debates, se façam comparações para que as pessoas possam
acompanhar mais e melhor o que significa o Orçamento de uma cidade, o que
significa o Orçamento de um Estado e,
fundamentalmente, possam apreciar as diferenças, o jeito de fazer, o jeito de
governar.
No
Orçamento do Estado do Rio Grande do Sul - somos a Capital -, tivemos 1663
emendas apreciadas, sendo que 124 eram emendas populares. Apenas 24 emendas
foram aprovadas, ou seja, 1,4% das emendas. No Orçamento da Prefeitura de Porto
Alegre foram apreciadas 16 emendas, 11 emendas foram aprovadas, ou seja, 69% de
aproveitamento.
Faço
essa vinculação e esse debate comparativo porque eu já havia colocado aqui a
importância que tem, na discussão do Orçamento, a participação popular. Um
Orçamento deve ser construído com a população. Se os Srs. Vereadores tiverem
discordância conosco, como, sem dúvida nenhuma, o Ver. Pedro Américo Leal,
respeitosamente, tem, nós temos aqui, em Porto Alegre, o Orçamento
Participativo. Isso não quer dizer que seja a única forma que o Executivo possa
ter para auscultar o que, de fato, a população está pensando. Foram trinta mil
pessoas ouvidas. Na minha modesta opinião e na opinião da minha Bancada de doze
Vereadores do Partido dos Trabalhadores, essa é a formula ideal, é a melhor que
encontramos até este momento. E se os Srs. Vereadores da oposição não gostam do
Orçamento Participativo, têm dúvidas sobre aquilo, as decisões que vem da
sociedade, nos sugiram outra forma. Talvez, democraticamente, debatendo aqui,
possamos chegar a um outro entendimento. Mas acredito que, no próximo ano,
quando nossos Deputados discutirem, entre eles a Vereadora e Deputada Estadual
eleita Maria do Rosário, sem dúvida nenhuma, com uma melhor experiência de
participação popular que encontramos aqui, pelo menos no Rio Grande do Sul, que
é o Orçamento Participativo...
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu acho que o Orçamento Participativo é algo do Executivo. Então,
eu nada tenho a ver com isso. É uma forma de governar. V. Exa. tenta
envolver-nos com o Orçamento Participativo. Nós não queremos saber do Orçamento
Participativo. Nós não temos nada a ver com ele. Vão fazer no Estado agora?
Façam! Os Deputados também não têm nada a ver com isso. Esta Casa está acima do
Orçamento Participativo. Não tem nada a ver com isso!
O SR. ADELI SELL: V. Exa. me desculpe, mas creio que esse
é um dos equívocos da sua militância como Vereador desta Casa. V. Exa. sempre
dá boas contribuições, mesmo que possamos ter divergências em relação a elas,
mas V. Exa. desconhece que tem muito a ver com o Orçamento Participativo. V. Exa.
é um legislador e um fiscalizador do Executivo. Caso o Executivo não esteja
fazendo devidamente as apreciações das questões que vêm das comunidades, V.
Exa. é um fiscal.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli Sell, é possível que a gente possa aproveitar o momento
para explicar a algumas pessoas, em especial às oposições derrotadas, o que
significa capilaridade. O Orçamento Participativo foi discutido nas reuniões
regionais, nas plenárias temáticas por trinta mil pessoas. Eu discordo de V.
Exa. e peço licença para complementar que, além das trinta mil pessoas
designadas para essas reuniões, outras centenas e centenas de reuniões foram
realizadas. Toda a comunidade de Porto Alegre se vê envolvida. Existem Vereadores
que se dizem representantes da comunidade e se negam a entender esse processo
de participação popular, onde participam todos os segmentos da sociedade, não
só as vilas populares, mas empresários, setores intelectuais. Todos os setores
da sociedade estão participando. Muito obrigado.
O SR. ADELI SELL: V. Exa. não me contradita, mas me
complementa.
O Sr. Milton Zuanazzi: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Impressiona-me que este debate circule muito nesta Casa e fique
sempre no mesmo lugar, porque ele é antigo. O Ver. Pedro Américo Leal não está,
de todo, errado. O Orçamento Participativo é simplesmente uma metodologia de
trabalho do Executivo e, com tal, me filio ao que sempre defendi. Aliás, sempre
fui contra que esta Casa institucionalizasse o Orçamento Participativo, porque
acho que esse é um instrumento utilizado pelo Executivo porque acredita ser
mais democrático e, portanto, mais próximo da perfeição para se elaborar o
Orçamento. O que me deixa preocupado é que esta Casa, até hoje, não se
preparou, enquanto Legislativo, para também ser fiscalizadora do Orçamento
Participativo. Isso, sim, me preocupa, isso, sim, eu acho uma marcação de passo
do Legislativo de Porto Alegre. É um equívoco.
O SR. ADELI SELL: V. Exa. oportuniza, portanto, a que eu
entre no debate com o Ver. Pedro Américo Leal. Fiz essa provocação democrática,
de que nós todos, Vereadores, como fiscalizadores do Poder Executivo, devemos
acompanhar o Orçamento Participativo. A melhor forma de saber o que se passa na
comunidade, inclusive verificar se existe algum grau de manipulação - e essa
acusação já foi feita -, é o Vereador estar presente nas reuniões do Orçamento
Participativo. E quando ele não puder estar presente o seu gabinete deve-se
fazer presente. Esta é a maneira mais correta para discutirmos o Orçamento da
Cidade. Agora, não ficará restrito às fronteiras de Porto Alegre, mas aos
quadrantes do Rio Grande do Sul. Tenho certeza de que, paulatinamente,
convenceremos inclusive o Ver. Pedro Américo desta metodologia.
O SR. PRESIDENTE: Tem o aparte o Ver. Pedro Américo Leal.
O Sr. Pedro Américo Leal: Ilustre Dep. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Por enquanto, Vereador.
O Sr. Pedro Américo Leal: Deputado, por que não? V. Exa. está
aguardando do partido para assumir as funções de Deputado, o que muito me
agrada.
Quero
dizer a V. Exa. que quando entrei nesta Casa é que consegui entender o ardil do
PT, que é tentar envolver os Vereadores no tal de Orçamento Participativo, que
é do Prefeito. Que ele seja feliz e consiga um grande governo, que traga um
Orçamento bem justo para esta Casa. Agora, os Vereadores não têm nada a ver com
isto. V. Exa. dá conselhos e faz até advertências para que os Vereadores
compareçam ao Orçamento Participativo. Para quê?
O SR. ADELI SELL: Ver. Pedro Américo Leal, estou vendo que
hoje está difícil convencê-lo, mas creio que, com os debates que aqui já
realizamos e outros tantos que realizaremos, vamos convencê-lo, paulatinamente,
de que isto é importante. Veja, por exemplo, o seguinte: como chegamos à
prioridade da saúde neste Orçamento? Ela está colocada como uma das questões
essenciais, que começa com a questão do saneamento, que é básica para a saúde
preventiva. Portanto, Ver. Pedro Américo Leal, não fosse a nossa consulta, não
fosse a participação popular talvez não chegássemos a este nível de demanda e
de precisão que é de fato o que a municipalidade precisa. Por isso, queremos
neste debate, mais uma vez, que graças ao Orçamento Participativo nós vamos ter
um Orçamento o melhor possível para a Cidade de Porto Alegre. Não apenas sou
defensor dessa proposta do nosso Executivo, mas também, creio, que do conjunto
dos doze Vereadores.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria que, inicialmente, V. Exa. me esclarecesse, já que V.
Exa. fala no Orçamento Participativo, qual o percentual do Orçamento que
representa a participação do Orçamento Participativo para o Orçamento do ano
que vem?
O SR. ADELI SELL: São aproximadamente 22% de aplicação em
obras e investimentos e toda essa parte.
O Sr. Isaac Ainhorn: São 22% dos 100% do Orçamento?
O SR. ADELI SELL: Do total do Orçamento, é aplicado em
obras e investimento, ou seja, mais de um quinto do Orçamento, quase chegando a
um quarto do Orçamento. É uma decisão direta da comunidade. Infelizmente,
muitos Orçamentos não têm nem 10% do que há de aplicações e a comunidade não
decide, mas, sim, o governante sozinho e, talvez, uma meia-dúzia de assessores.
Eu prefiro, Ver. Isaac Ainhorn, trinta mil pessoas, junto com o Executivo e
tantas outras participações, como foi mencionado aqui pelo Ver. Clovis
Ilgenfritz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, eu vou fazer uma
consulta ao Plenário. Nós já temos, agora, a peça que estava faltando, porque
estamos trabalhando com ligação direta e o ar-condicionado, por exemplo, não
está ligado. A consulta que faço é a seguinte: se suspendermos a Sessão por
três minutos, que é o tempo suficiente para colocar a peça e religar de novo o
sistema... Se V. Exas. concordarem, vamos suspender a energia elétrica por três
minutos e voltaremos com o sistema normalizado. Como não existe nenhuma
objeção, estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h10min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h15min): Estão reabertos os trabalhos. Apregoamos Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, que solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foi apregoado Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt e dada posse ao Suplente conforme consta na
Ata.)
A
Vera. Clênia Maranhão solicita Licença para Tratar Interesses Particulares no
dia de hoje.
O
Ver. Pedro Ruas solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
de hoje.
(Obs.:
Foram aprovados os Requerimentos de licença da Vera. Clênia Maranhão e do Ver.
Pedro Ruas e dada posse aos Suplentes conforme consta na Ata.)
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
condição de quinto inscrito na Pauta Especial, não me será oportunizada, neste
momento, a possibilidade de discutir a questão do Orçamento e esse debate
importante, que, mais uma vez, o Ver. Adeli Sell trouxe a esta Casa e que
envolve a questão do Orçamento Participativo. Nós gostaríamos de dizer que a
posição deste Vereador historicamente nunca foi contra o Orçamento
Participativo, mas foi, isso sim, contra a forma e os métodos como ele é
aplicado na Cidade de Porto Alegre.
Esse
é o questionamento que fazemos em relação ao Orçamento Participativo. Esta Casa
levantou um amplo debate quando este Vereador assumiu a Presidência, sugerindo,
propondo a criação de uma Comissão Especial que debatesse o Orçamento
Participativo e encontrasse caminhos, e esta Casa buscou, apontou caminhos
através da Comissão Especial, do seu relatório, do seu estudo e da sua
reflexão. É necessária a compatibilização e a harmonia da chamada democracia
participativa com a democracia representativa, e na forma como está sendo
instrumentalizada, através de um controle da Secretaria de Governo Municipal,
ela representa um instrumento, não chegaria ao extremo de dizer de manipulação,
mas um instrumento praticamente de domínio das vontades dentro do Orçamento
Participativo.
Essa
é a preocupação, razão pela qual sempre a nossa proposta foi no sentido de que
esse processo primeiro fosse institucionalizado, e esse processo nunca foi
institucionalizado. Não foi este Vereador que propôs a institucionalização do
Orçamento Participativo. Ela nasceu de uma proposta do Ver. Clovis Ilgenfritz,
Vereador do PT, que jamais foi aceita pela Bancada do PT. A segunda proposta
foi do Ver. Nereu D’Ávila, também de institucionalização do Orçamento
Participativo. O argumento maior é que perderia a natureza do sentido maior do
Orçamento Participativo, que é aquele processo de espontaneidade na discussão
do Orçamento. Mas que espontaneidade que pode haver se ele é controlado? Se ele
é coordenado por uma Secretaria de Governo? É esse o questionamento que fazemos
em relação ao processo do Orçamento Participativo. Nós achamos, inclusive, que
o Orçamento Participativo deve ter um outro perfil, coordenado entre o Poder
Legislativo Municipal e o Poder Executivo para não se confrontar os Conselhos
do Orçamento Participativo com o Legislativo Municipal. Legislativo é esse que
aqui, e em todas as democracias, é caro, custa caro, pois a democracia custa
caro. Este Poder representa 5% do Orçamento Municipal. Se ele não tem sentido,
então vamos encontrar uma outra fórmula de representação das vontades da
sociedade, na busca de uma representação política. Mas a grande verdade é que
até hoje não se conseguiu fórmulas ou mecanismos que encontrassem um caminho
mais adequado para a solução dos problemas que não fosse a democracia
representativa. Mas a democracia participativa é um instrumento novo,
sociológico, de expressão da vontade popular. Nós não queremos sufocar. Ao
contrário, queremos que ela tenha uma natureza espontânea, mas temos dúvidas.
Cito um exemplo: o Mercado Público do Bom Fim, que foi uma aspiração de seis
anos de um debate com a sociedade. O Poder Executivo desrespeitou a vontade da
sociedade e, sem nenhum critério ético, demoliu o Mercado Público do Bom Fim,
violando a lei e os princípios que regem a matéria na Lei Orgânica e na
legislação da Cidade. Não foi ouvido o Conselho Municipal do Patrimônio
Histórico da Cidade; e o conteúdo ético, de violação à ética, aquilo que
diríamos que é o direito natural. Não ouviu a comunidade, não ouviu a
sociedade, aquela que participou e disse: “o caminho não é a demolição, é a restauração”.
Isso diziam as Faculdades de Direito e de Arquitetura. Não ouviram também a
Associação do Bom Fim, a Associação Farroupilha e os permissionários do Mercado
Público e, simplesmente, ignorando a vontade da comunidade, desmancharam aquele
prédio que representava um momento histórico da nossa sociedade e do espaço
cultural da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a
esta tribuna na condição de Vereador em exercício, mas também como Presidente
do PMDB Municipal pelo segundo mandato consecutivo. O Ver. Fernando Záchia
estava escalado para falar, mas pedi a ele que, estando aqui na Casa, devido a
gravidade da matéria em tela, eu pudesse vir a esta tribuna.
O
Rio Grande vivenciou - e nós todos desta Casa, que somos militantes -, de todas
as eleições depois do processo da redemocratização, uma das eleições mais
entusiasmadas, em que não só os partidos políticos e as frentes políticas, mas
o povo em geral, de um lado ou do outro, tomou partido, levou propaganda para
casa, pintou seus muros, botou bandeira, botou adesivos nos seus carros. E
fomos à eleição! As urnas foram abertas. Venceu uma proposta, vitória que nós
respeitamos, porque somos profundamente democráticos. Evidente que houve, ao
longo da caminhada, dos dois lados, tropeços: acusações de um lado, panfletos
de outro.
Mas
eu venho a esta tribuna para manifestar que esta foto que eu tenho aqui na mão,
tirada na segunda-feira à tarde no gabinete de um Vereador desta Casa, não está
ofendendo o PMDB; está ofendendo a história desse partido de luta que, quando a
sociedade civil não falava, quando o sindicato não falava, quando o tacão da
ditadura estava aí, colocou o País na redemocratização. Pois esse partido, que
tem mais de trinta anos de história, esse partido que teve Ulysses, esse
partido que teve Teotônio, esse partido que tem Simon não pode sofrer esses
impropérios que, de forma regimental, não têm coragem de falar.
Espero
que esta Casa, Sr. Presidente, use o Código de Ética que aqui foi votado;
espero que esta Casa proceda com rigor. Eu não posso entender que, sendo a foto
tirada durante a tarde, nesse período o Vereador não tenha entrado no seu
gabinete uma, duas, três, quatro vezes. Portanto, não adianta me dizer que não
foi ele que botou, que não foi ele que autorizou. Se isso parte de um
militante, se isso parte de um simpatizante, nós vamos até entender, pelo calor
da eleição. Mas eu não posso entender que isso tenha sido feito no gabinete de
um Vereador, que tem a obrigação ética, moral, de defender a democracia. E a
democracia é respeitar os contrários, é a pluralidade de idéias. Ou estamos
caminhando num regime em que só um é dono da verdade? Não foi para isso que nós
- eu e tantos outros -, na velha esquina democrática, dentro do movimento
estudantil, ao longo da história, corremos da polícia, para recolocar este País
no processo democrático. Pois o meu partido, o PMDB... Mais do que isto, Sr.
Presidente, e eu estava fora de Porto Alegre ontem e anteontem, mas me passou o
querido Ver. Nedel que, além da foto que saiu no jornal, tiveram o trabalho de
fazer o release para sair no Jornal do Comércio: “os petistas já deram novo
significado à sigla PMDB” - as duas primeiras palavras são impublicáveis, mas
adivinháveis; as duas últimas são: “deu bigode”.
Sr.
Presidente, vejo com tristeza esta publicação, esta fotografia, Ver. Isaac
Ainhorn, que, instalada, foi tirada na porta do Gabinete José Valdir,
lamentavelmente, querendo manchar a honra de um partido que tem história.
Podemos ter os nossos equívocos. E quem não os tem? Quais os partidos que não
têm as suas contradições?
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o processo da democracia só se fortalece com
instituições e partidos fortalecidos. E o PMDB de guerra, da história e da luta
democrática das ruas, da população e do povo... Como Presidente do PMDB, como
Vereador desta Casa, exijo uma manifestação da bancada petista, bem como seja
usado o rigor da lei para punir esta indignidade contra um partido que tem a
história que tem o PMDB. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Como foi citada da tribuna a
possibilidade de uma Comissão de Ética, devo dizer ao Vereador que estava na
tribuna e aos outros Vereadores da Casa que a Comissão de Ética é resolvida
pela Mesa da Casa. A denúncia poderá ser encaminhada para a Mesa, que irá
averiguar, discutir. Na quinta-feira teremos uma reunião da Mesa; logo após,
uma reunião com as Lideranças. Esta denúncia deverá ser encaminhada a fim de
que haja a discussão para a Mesa possa decidir a respeito da Comissão de Ética
ou não.
O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, farei, ainda nesta
tarde, um Requerimento, por escrito, juntando a foto, bem como a publicação do
jornal, e entregarei a V. Exa. para que possa distribuir aos demais Vereadores
e dar o devido encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE: Colocaremos amanhã mesmo na reunião de
Mesa que teremos nesta Casa para que possamos fazer a discussão.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de agregar,
nesse encaminhamento à Mesa, que se fotografassem os cartazes que ...
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, a Mesa não fotografou
nada. Ou V. Exa. utiliza o tempo de Liderança do seu partido ou faz um
Requerimento. O que não pode é encaminhar um pedido para a Mesa fazer alguma
coisa que está fora de suas atribuições.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu reformulo, dizendo que vou tirar fotografias e
encaminhar à Mesa para que sejam analisadas. Vou solicitar ao fotógrafo da Casa
para que agora, neste momento - se não tiraram ainda -, fotografe o cartaz que
está há muito tempo na Casa dizendo: “PT + ATP = passagem mais cara”. Parece
que o cartaz está nos gabinetes dos Vereadores do PMDB e PFL.
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, se V. Exa. assim
quiser, faça uma acusação formal, o que não está fazendo agora. V. Exa. fará
uma acusação formal no momento em que puder tirar uma fotografia e comprovar,
assim como foi comprovado pelo Ver. Sebastião Melo, que, da tribuna, mostrou
uma fotografia e disse que vai encaminhar para a Mesa Diretora, que irá se
reunir amanhã.
V.
Exa. está fazendo uma defesa e a defesa se faz da tribuna e não em Questão de
Ordem. Se V. Exa. desejar fazer encaminhamentos, faça-os. Pegue o fotógrafo da
Casa, fotografe e envie à Mesa.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estou solicitando ao
fotógrafo da Casa, mas, independentemente disso, se os cartazes não estiverem
mais lá, toda a Casa, toda a Cidade de Porto Alegre os viu.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está fazendo um discurso e esse
microfone não é para discursos. Discursos têm que ser feitos da tribuna.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, o Ver.
José Valdir, além de ...
O SR. PRESIDENTE: Ver. Fernando Záchia, os discursos têm
que ser feitos da tribuna. Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às16h31min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h32min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver.
Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é
impossível discutir, nesta Pauta Especial, o Orçamento do Município, sem lidar
com as primeiras informações que recebemos do pacote fiscal que está sendo
anunciado neste instante pelo Presidente reeleito Fernando Henrique Cardoso.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu sou obrigado a dizer a V.
Exa que esse período de quinze minutos é dedicado à discussão do Orçamento, em
Pauta Especial, o Orçamento da Cidade de Porto Alegre. Peço, por favor, que V.
Exa. se prenda exatamente a essa discussão nesse tempo.
O SR. GERSON ALMEIDA: Eu não faria diferente, porque conheço o
Regimento. Agora, uma das principais medidas, Sr. Presidente, é porque
exatamente ao Fundo de Estabilização Fiscal, que retinha até ontem 20% dos
Orçamentos dados aos Municípios e ao Estado, foram agregados mais 20%, ou seja,
40%. Isso significa, posto que é uma medida provisória, significa naturalmente
que todos os Orçamentos dos Municípios, e o nosso Orçamento, deverão sofrer
algum nível de alteração. E não só por esse ponto, mas talvez esse seja o que
mais diretamente influencia os Orçamentos dos Municípios e do Estado.
É
nesse sentido, Sr. Presidente, fixando-me rigorosamente na Pauta, que eu
introduzi o assunto do pacote fiscal, já que o objetivo é retirar do Orçamento
8,7 bilhões. Estão, naturalmente que essa questão, obrigatoriamente, nos
próximos dias, no próximo período, deverá ser objeto de debate nas casas
legislativas, especialmente no caso de Porto Alegre. Por quê? Porque o nosso
Orçamento, no montante que está previsto, está com receitas oriundas de
impostos, como o ICMS e outras transferências de recursos que são concentrados
pela União, ou que são recolhidos por ela, mas que desde a Constituição de 1988
são repassados constitucionalmente para o Estado. Naturalmente que, se o FEF,
com 20%, já afetava drasticamente as finanças dos Municípios, com 40%, com esse
aumento, com certeza, se fará valer de uma forma muito mais dura.
Eu
gostaria de registrar, entre as várias questões que foram debatidas por vários
companheiros e companheiras da Bancada do Partido dos Trabalhadores, sobre o
Orçamento, pelo menos uma boa nota no que toca ao Orçamento da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente para o exercício de 1998: nós estamos vendo que
houve um aumento real de 36% nos valores orçados para a Secretaria do Meio
Ambiente em relação ao ano que finda. Eu acho que isso é mais uma demonstração
inequívoca do Governo Municipal do seu apreço, seu compromisso com a ampliação
e a qualificação crescentes da política de gestão ambiental e da qualidade de
vida do Município de Porto Alegre. Não é fácil, numa situação difícil como essa
por que passam as finanças dos Municípios, aumentar, de forma real, em 36% o
Orçamento do uma Secretaria. Isso é algo digno que deve ser registrado e
demonstra um esforço muito grande, porque esse aumento deveu-se especialmente
aos recursos orçados para o Projeto Parques e Jardins, a manutenção e o cuidado
maior e a recuperação das parques, praças e jardins da nossa Cidade. Porto
Alegre, a partir do ano que vem, terá um novo parque, já amplamente
consolidado, já que no mês passado foi inaugurada a sede administrativa, que é
o Parque Natural do Morro do Osso, e também um parque na Zona Sul da Cidade,
fruto de uma doação de um munícipe ao patrimônio público de Porto Alegre, que
também deverá ser objeto de manutenção e cuidados por parte do Município.
É
de se destacar também que, para a organização da Cidade e da Secretaria, é
fundamental o compromisso no Orçamento de 1999 de iniciar-se a construção do
bloco “A” do prédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Devo dizer, e é
de conhecimento de todos, que esse é o único prédio, dos próprios municipais
que abrigam Secretarias, que ainda está numa situação bastante complicada. É um
prédio muito antigo, da época em que o Brizola era Governador, prédio de
madeira muito bem-construído, mas que, devido ao longo período, já apresenta
inúmeros problemas que dificultavam instalações mais adequadas ao exercício dos
que lá prestam os seus serviços. Pincelei alguns pontos do Orçamento da
Secretaria do Meio Ambiente para registrar esse importante aumento do
Orçamento. No entanto, queria continuar na senda aberta pelo companheiro Adeli
Sell para registrar algo que afirma o caráter popular do Governo em Porto
Alegre.
Mais
uma vez a peça orçamentária vem para a Câmara de Vereadores cumprir o seu
legítimo, constitucional e insubstituível papel no que toca à análise, à
aprovação do Orçamento, mas ela já vem não apenas corroborada pela vontade do
Prefeito, dos seus Secretários e da sua equipe administrativa e política. Ela
vem corroborada por um longo, cansativo e agora fundamental processo de
discussão no conjunto das comunidades da Cidade de Porto Alegre. Como foi
colocado pelos Vereadores Adeli Sell e Clovis Ilgenfritz, foram trinta mil
pessoas que participaram diretamente das plenárias temáticas e regionais. No
entanto, essas trinta mil pessoas, a rigor, representam outras milhares de
pessoas que se reuniram nas ruas e em cada esquina, em cada local, para
preparar as plenárias do Orçamento Participativo. E isso significa uma
qualidade no que toca à construção do Orçamento e da sua efetiva transformação,
não no Orçamento do Município ou do Prefeito, mas num Orçamento Público, na
acepção mais larga e republicana que esse termo pode ter, que qualquer outra
experiência possui.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É louvável essa idéia do Prefeito: em vez de fazer no
seu gabinete esse Orçamento que é dele - repito, é dele, pertence a ele -, ele
consulta o povo numa verdadeira maratona de opiniões: dezesseis microrregiões.
É ótimo. Agora, não tentem nos envolver nessa história, porque, para mim, isso
é história. Estamos na Câmara apenas para observar, estudar, opinar, emendar,
fazer o que quisermos com o Orçamento. Não temos nada a ver com o Orçamento
Participativo, que é uma forma de governar, mas o PT teima em querer nos
envolver no Orçamento Participativo: “Não sou casado, não moro em Niterói, não
tenho nada a ver com o Orçamento Participativo.”
O SR. GERSON ALMEIDA: Acho muito inteligente a forma como V.
Exa., lateralmente, foge ao debate fundamental, que é concordar ou não com o
Orçamento. V. Exa. se abstém de tratar o tema.
O
Vereador, com a habilidade que lhe é peculiar, com a inteligência que
desenvolve, foge, por um caminho lateral, do debate sobre o Orçamento
Participativo e da combinação, porque uma coisa não vai contra a outra. A
democracia representativa e direta não disputa sentidos opostos; ao contrário,
um Estado gerido de forma democrática deve combinar de uma forma “sui generis”
a participação direta com a representatividade, porque não existe participação
direta sem representação, e jamais houve. Na história da Grécia antiga, a
chamada democracia da Ágora, que era também uma forma de representação, na
praça - na Ágora -, os cidadãos que não iam delegavam aos que participavam a
decisão das questões. Portanto, jamais houve qualquer forma de democracia
direta, “stricto sensu”, que açambarcasse o conjunto. Isso nunca houve. Numa
sociedade complexa como a nossa, diversificada, é evidente que essa é uma falsa
contradição. A meu juízo, não é uma boa questão, uma verdadeira questão, porque
a diferença é saber combinar uma coisa com a outra.
O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Se mergulharmos no passado, os critérios utilizados para a escolha
das obras na Cidade de Porto Alegre são de triste lembrança: os critérios
paternalistas, o comprometimento com os amigos do poder, com os amigos dos
Vereadores e do Prefeito. Hoje, há superação das entidades comunitárias, que
encontraram um fórum democrático para indicar as obras nas mais diversas
regiões de Porto Alegre. Isso orgulha a democracia, a transparência e a
respeitabilidade para com aqueles que pagam impostos nesta Cidade. O Orçamento
Participativo é um passo avançadíssimo sob o ponto de vista da democracia e da
transparência na aplicação do dinheiro público.
O SR. GERSON ALMEIDA: O seu aparte enriquece a minha colocação.
Os cidadãos, na Ágora, eram meio cidadãos, porque eram apenas aqueles que
tinham direitos políticos. Os escravos não tinham qualquer possibilidade de
representação; logo, essa dicotomia entre representação e participação direta é
uma falsa questão. Portanto, temos que, no exercício da gestão pública, cada
vez abrir mais janelas e portas para a participação do cidadão e com isso
termos um Orçamento mais inteligente e uma maneira mais eficiente de alocar os
recursos, e a Cidade de Porto Alegre e a ampliação de sua qualidade de vida é
uma grande demonstração disso, tanto é que no debate que nós vivenciamos nos
últimos dias diziam que Porto Alegre não tinha política para desenvolvimento
econômico, mas convido todos a olhar o que contém o Orçamento de 1999. Em todas
as páginas isso aparece, mas, especialmente, naquela que se refere à Secretaria
Municipal de Indústria e Comércio, onde inúmeros recursos são alocados, por
exemplo:
Para
o entreposto de pescado na Ilha da Pintada, são gastos 120 mil reais para fazer
um entreposto de pescado nessa Ilha, recuperando e qualificando uma atividade
econômica histórica e antiga na Cidade de Porto Alegre, abandonada há muito tempo.
Mais 130 mil reais para a construção da Incubadora de Projetos Populares. São
100 mil reais para a reforma de galpões da Coleta Seletiva em uma expressão
política de geração de renda para os setores populares e tradicionalmente
excluídos da sociedade. Mais 57 milhões destinados a comprar equipamentos de
geração de renda para associações e cooperativas de trabalhadores. Destinados
200 mil reais a dar bolsas de trabalho para setores populares, desenvolvendo
geração de renda. Ciência e Tecnologia, complemento do condomínio de empresas,
região de potencial tecnológico, cerca de 50 mil reais. E o primeiro condomínio
tecnológico de empresas de base vai ser no Bairro Navegantes. Uma importante
contribuição do papel indutor do Estado para geração de renda e mercado.
No
momento em que os governantes dizem que não cabe ao Estado outro papel que não
se render aos ditames do mercado financeiro, nós, aqui, resistimos, da forma
limitada, como se pode fazer, estabelecendo políticas e programas que geram
renda e emprego para setores de baixa renda e não nos rendemos à política de
desemprego e à política de transferência de recursos para mega investimentos.
Esta é uma outra maneira, também, de mostrar a natureza diferenciada de um
projeto e de outro.
O
FUNCOMPRAS, 210 mil reais para o Fundo Municipal de Compras Coletivas,
destinados a promover a melhoria de atendimentos às necessidades alimentares
básicas da população, mediante oferta de gêneros alimentícios e de higiene a
preços mais baratos.
Concluo,
dizendo que discordo do Ver. Adeli Sell quando disse que outros partidos de
oposição são contra o Orçamento Participativo. Tanto não são contra, que o
Governo Estadual remeteu um projeto para a Assembléia Legislativa propondo
Orçamento Participativo e ninguém, aqui, criticou. Eu acho que nós temos, hoje,
uma unanimidade a favor do Orçamento Participativo aqui, na Câmara Municipal de
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro o tempo previsto
no art. 94, parágrafo 1º, alínea “f.”, do nosso Regimento. Eu fui citado aqui,
acusado, e não gostaria que a Mesa analisasse esse assunto sem saber do meu
posicionamento e sem incluir, também, outras iniciativas similares que estão
nas portas dos gabinetes que quero agregar ao Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, se houver qualquer tipo
de acusação contra V. Exa. endereçada para a Mesa, V. Exa. terá o direito à
mais ampla defesa, porque é da Constituição. V. Exa. jamais será julgado por
nada e nenhum cidadão brasileiro poderá ser julgado por nada sem que haja o
direito à mais ampla defesa. Agora, não justifica, Vereador, o tempo especial
requerido por V. Exa. Peço desculpas a V. Exa., mas vou indeferir o vosso
pedido.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, quanto a isto, quanto ao
direito de defesa, não tenho nenhum temor e tenho certeza de que a Casa não
faria isso. Não é nem da tradição da Casa. Só gostaria que V. Exa. deferisse o
meu Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Está indeferido o vosso Requerimento.
Vamos seguir com a Pauta Especial.
Com
a palavra, o Ver. Cláudio Sebenelo para discutir a Pauta Especial.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho
sido um insistente Vereador no tema da saúde, desejando que os recebimentos do Sistema
Único de Saúde façam parte das receitas correntes e, conseqüentemente,
privilegiando com um percentual maior essa área tão delicada e que passa por
uma situação tão difícil, que é a área da saúde. Mais do que isso, conseguido
esse intento de um número de recursos maiores para essa área, certamente, se
este Vereador tivesse que escolher, o faria na área do atendimento primário.
Estamos
debatendo o Orçamento da Cidade da ordem de 891 milhões de reais, e temos a
responsabilidade em poder alterar, alocar recursos e, principalmente, orientar,
concordar ou discordar da proposta que é feita através de um Projeto de Lei
vindo do Executivo.
Quando
eu ouço os Vereadores trazerem para este Plenário o problema do Orçamento
Participativo, eu pergunto em que linha, em que momento da proposta do Sr.
Prefeito a este Poder Legislativo encontra-se qualquer alocação, direito à
redistribuição da renda, da distribuição dos recursos. Onde está escrito na
proposta do Orçamento Participativo? Já no da Câmara Municipal está escrito.
Esse diz claramente que é um órgão ao qual são alocadas verbas e é criado pelo
Constituição Federal, é institucionalizado.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebenelo, independente de V. Exa. não considerar que na data
de hoje estão sendo decididos cortes na área da saúde pelo Governo Federal, a
despeito de o Governo Estadual não cumprir com a sua quota de recursos para a
área da saúde, V. Exa. tem o entendimento, aqui no Município, de que maiores verbas
devem ser alocadas à saúde e acha que para o cômputo do percentual de saúde a
ser aplicado e alocado no Orçamento devem ser consideradas verbas transferidas
para o SUS pelo Governo Federal. Pergunto se são os valores das AIHs e
atendimentos ambulatoriais a que V. Exa. se refere? Se é isso, seria uma
impropriedade, e V. Exa. sabe muito melhor do que eu quanto a isto.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu não me refiro a maior alocação. Eu
apenas me refiro à abolição de uma estratégia contábil diminuindo os recursos
para a área da saúde de 13% - obrigados pela Lei Orgânica do Município - para
menos de 9%. Aí, então, nós flagramos a inexistência de uma política municipal
de saúde. Mas, neste debate que aqui se faz, foram levantados equívocos
relacionados com o Governo Estadual e Federal - alguns deles eu até reconheço
-, mas eu queria saber por que, em matéria de Orçamento - e se discute aqui
Orçamento -, até hoje os Vereadores de Porto Alegre não têm acesso precoce ao
Orçamento. Não adianta me dar hoje o direito de ter acesso, no computador, ao
Orçamento de abril. Desse eu já recebi por escrito o balancete. Eu gostaria de
saber por que a PROCEMPA até hoje não permite o acesso aos dados do Orçamento.
Isso é uma desconsideração com o Poder Municipal e é também uma forma crítica,
escondida de sonegar aos Vereadores os dados orçamentários do Município, e,
mais do que isso, quando se sabe, através de revistas estrangeiras, do
pensamento do Sr. Prefeito a respeito desta Câmara Municipal e a comparação que
faz com o Orçamento Participativo, transformando uma organização
não-institucionalizada, um método de aplicação em um competidor, e, mais do que
isso, em uma instância superior a esta Câmara, quando, na verdade, existe, e
não é falácia nenhuma, essa rivalidade entre a democracia direta e a democracia
representativa. Rousseau dizia, e isso está no livro “Futuro da Democracia”,
que se os deuses habitassem a Terra a democracia seria direta; como não são
deuses, são seres humanos, é indispensável que haja uma representação.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte?
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu não vou lhe conceder um aparte,
porque da última vez eu pedi um aparte e V. Exa. não me concedeu.
O Sr. Renato Guimarães: Ver. Cláudio Sebenelo, não é democrático
um debate assim.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: O aparte é dado para quem tem limites e
para quem sabe perfeitamente com quem está lidando. Eu não quero o seu aparte e
não lhe dou o meu aparte.
Este
Orçamento Participativo não nasceu espontaneamente da população, que fez,
legitimamente, um outro foro de discussão. Não! Ele foi implantado de cima para
baixo. Não é característica da democracia essa - entre aspas - “lavagem
cerebral” que existe da participação no Orçamento. É fundamental que saibam que
mais de 70% do que é resolvido no Orçamento Participativo não é cumprido. É
fundamental que se saiba que, organicamente, juridicamente, o que vale é a
palavra desta Casa e sobre ela não pode se sobrepor um outro tipo de estrutura
qualquer que não tenha a legitimidade, que não tenha a institucionalização, que
não tenha a legalidade, que não tenha o dispositivo constitucional que assegura
a esta Casa a hegemonia de opinião a respeito da distribuição das verbas
orçamentárias que vêm para cá para serem discutidas, analisadas, e não há participação
maior do que essa, dos Vereadores. E os Vereadores, não comparecendo ao
Orçamento Participativo, estão participando, sim, da discussão orçamentária.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para registrar que no ano passado, por ocasião da discussão
do Orçamento, esta Casa teve um dos momentos maiores da sua participação na
discussão e no debate de uma deliberação em defesa dos interesses da maioria da
população, dos interesses da Cidade, quando esta Casa sustou um aumento do
Imposto Predial e Territorial Urbano acima da inflação. Naquela oportunidade, a
Administração Municipal pretendia o aumento da inflação e mais 8%, e esta Casa,
de forma soberana, no exercício das suas prerrogativas, nas matérias que vinham
junto com o Orçamento, rejeitou o aumento, e a história mostrou que estava bem.
Tanto é verdade, que este ano o Orçamento não veio acompanhado de nenhum
aumento para o IPTU. Muito obrigado.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: É verdade. Se não fosse esta Casa, hoje
nós teríamos uma incidência de IPTU bem maior do que a que foi proposta.
Eu,
outro dia, compareci a um loteamento chamado Wenceslau Fontoura, junto com a
Comissão de Saúde. Lá, a médica que nos atendeu comentava como poderia fazer
saúde se do lado do posto de saúde existia uma latrina a céu aberto com
detritos e dejetos humanos. Isso faz seis meses, Ver. Pedro Américo Leal, e o
nosso saneamento ainda não foi lá, não foi fazer saúde.
As
pessoas vão citando, a toda hora e a todo momento, os problemas com os alagamentos.
E os problemas com o sambódromo? E os problemas com a forma constrangedora com
que o Executivo trata o Legislativo, fazendo com que muitas vezes até a Bancada
do PT passe por constrangimentos em razão da forma desrespeitosa como somos
tratados? Outro dia, apreciando um veto parcial, tentaram interferir
diretamente no funcionamento, na mecânica desta Casa.
Eu
procurei no Orçamento, mas não achei, ou pela sua insignificância ou porque não
figura no Orçamento, a Empresa Porto-Alegrense de Turismo. Eu queria dizer que
hoje, Sr. Presidente, o turismo é, indiscutivelmente, uma das grandes válvulas
de escape contra o desemprego. Onde se faz turismo na Cidade de Porto Alegre?
Onde se põe em relevância a beleza física de nossa Cidade, a fidalguia do nosso
povo, a troca de experiências culturais com outros povos? O turismo foi
simplesmente banido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, talvez porque
seja alegado como uma coisa burguesa. Mas turismo é algo que se dá muito bem
como um resgate de nosso mercado de trabalho. A proposta da extinção da EPATUR
foi um dos momentos piores que vivemos aqui, quando se tentou transformá-la
numa subseção da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, que já vai mal
das pernas, ainda mais se abarcasse com o turismo. Por outro lado, migalhas são
alocadas para pequenos programas - 50 mil, 121 mil, 30 mil, 40 mil -, quando os
problemas gigantescos da Cidade de Porto Alegre, como o problema viário,
continua exatamente como há dez anos.
E,
principalmente, falou-se sobre a construção do prédio da SMAM. Essa foi uma
denúncia que fiz nesta Casa e disseram que era mentira. Mas como pode um prédio
de madeira, em cima de uma praça pública, ilegalmente colocado e localizado, de
um risco imenso, um dos pontos de maior risco da Cidade de Porto Alegre, ser a
sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, colocando em risco a integridade
física dos seus funcionários? Ele funcionava de uma forma inadequada, e
qualquer instituição que der licença para a Secretaria de Meio Ambiente funcionar
naquele prédio certamente não terá qualquer tipo de credibilidade. É incrível
que um dos pontos de maior risco em Porto Alegre até hoje não tinha sido
tratado adequadamente.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Talvez V. Exa. não tenha mais tempo de responder a questão, porque
o meu aparte está ocorrendo no final do seu tempo de pronunciamento. Nós
estamos debatendo o Orçamento Público do Município e uma pequena parte que seja
desse Orçamento é composta por recursos vindos do Governo Federal. Agora o
Governo Federal propõe a ampliação do Fundo de Estabilização Fiscal de 31 de
dezembro.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Isso não faz parte.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. não quer responder o meu aparte?
Não quer nem mesmo escutar? V. Exa não quis escutar. Eu sinto muito. Muito
obrigada.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ganhou o parlamento. Mas muitas coisas
tiradas realmente da Prefeitura através de leis, inclusive federais, são
compensadas com outras, como, por exemplo, as multas de trânsito. Vejam, nesse
Orçamento, o quanto as multas de trânsito darão e reporão em matéria de
finanças na Prefeitura Municipal. Ora, Sr. Presidente, é fundamental que os
dois lados sejam colocados e não só a mesma cantilena, com as mesmas palavras,
as mesmas expressões, os mesmos jargões e, o que é pior, com a mesma empáfia.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em nome da Casa, cumprimentamos o
ex-Vereador Rivo Buhler, da Cidade de
Montenegro. É um prazer tê-lo entre nós.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, registro a presença do
Ver. Alex Tapia, de Viamão.
O SR. PRESIDENTE: É também um prazer ter o Ver. Alex
Tapia presente nesta Casa, Vereador do
PT de Viamão.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje,
dia 28 de outubro - e já foi informado -, é o Dia do Funcionário Público, um
dia de júbilo e de festa, mas, ao mesmo tempo, eu pergunto: qual o motivo de
júbilo e festa se o Sr. Presidente da República hoje, através dos seus
Ministros, coloca como ficará o novo ajuste do Plano Real, quando os inativos
terão parte dos seus vencimentos confiscados? Imaginem vocês: num período
altamente recessivo, sem ganhar salários adequados, essas pessoas, de uma hora
para a outra, simplesmente por um canetaço, vão perder 11% dos seus salários. É
isso que está propondo o Sr. Presidente da República.
Aquele
funcionário que ganha até 1 mil e 200 reais, a partir do próximo mês vai perder
11%, e isso é fato inédito na história. A classe trabalhadora, de uma maneira
geral, busca melhores condições de trabalho, melhores salários, mas neste Dia
do Funcionário Público acontece o contrário. A população servidora deste País é
penalizada com um saque de 11% nos seus vencimentos. Imaginem vocês: a
população, que já ganha mal, de uma hora para outra perder 11%! A CPMF, que
hoje é de 0,2%, vai passar para 0,38%, e o Governo diz que, com isso, ao invés
de arrecadar 8 bilhões de reais, vai passar para 14 bilhões de reais. Agora,
esse Governo não veio, ainda, publicamente, informar para onde foram esses 8
bilhões de reais arrecadados! Mas adota uma medida e ainda vem - desculpem o
termo - com a maior cara-de-pau dizer que esta é uma Medida Provisória, que ela
não vai ficar eternamente.
Agora,
quero saber até quando as medidas que estão sendo adotadas serão sempre em cima
do trabalhador, em cima do assalariado, aquele que recebe contracheque. O
Imposto de Renda, que era 25%, já ficamos sabendo que vai continuar em 27,5%.
Ou seja: estão tirando dia a dia. São 11% do salário, mais 27,5% para o Imposto
de Renda, a cada saque 0,38%. Daqui a pouco eu vou estar pagando para
trabalhar! Mas essa é uma sobrecarga que o Sr. Presidente diz que o povo tem
que passar. E ainda, o mais absurdo, duas situações imediatas: da educação e da
saúde serão cortadas verbas.
Já
falamos, na semana passada, que o Governo Federal está retirando 150 milhões de
reais da merenda escolar, e sabemos que neste País muitas crianças ainda vão à
escola porque têm merenda. Agora, tem o seu lado positivo: o aumento vai
incidir sobre fumo e bebidas alcoólicas. Isto tem que ser sobretaxado mesmo.
Agora, sobre o bolso do trabalhador, no seu dia-a-dia, até quando a população
vai ficar inerte, agüentando isso? E ainda diz - está estampado -: “Meta do
pacote é tentar salvar credibilidade junto aos credores.” Mas a que preço? E
ainda está ameaçando não fazer repasse voluntário para os Estados e Municípios.
Ou seja: “tudo para mim; quando chegar a tua vez, vamos ver como fica.”
Então,
Sras. e Srs. Vereadores, um dia que deveria ser de júbilo é motivo de tristeza,
pois, mais uma vez, o trabalhador brasileiro é assaltado e saqueado, e hoje,
especificamente, o funcionário público. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esperei
as eleições para que não prejudicasse, com um pronunciamento meu, qualquer um
dos contendores. Mas pergunto a todo este Plenário: quem inventou esta crise?
Quem é o autor desta crise? Ela é internacional, mas quem nos levou a este
momento de perplexidade? Quando nós construímos - lembro-me perfeitamente que discordei disso publicamente no
programa de televisão “Guerrilheiros da Notícia”, discutindo com Boni e Baldi a
respeito do que Fernando Henrique Cardoso construiu. Mas o que é que ele
construiu? Uma dívida interna monstruosa. Recebeu o País com uma dívida de 40
bilhões de reais e entrega o País, se é que entrega, não sei a quem entrega - a
mim não é, nem também aos nacionais -, com 300 bilhões ou 320 bilhões de reais.
Não tenho idéia de a quantas anda a dívida interna. E esse é o nosso grande
problema. Ela se reproduz geometricamente. Em três anos a dívida interna foi a
300 bilhões ou 320 bilhões de reais. Onde nós vamos parar? O câmbio é possível?
Acho que não. Nós, apesar de termos uma moeda estável, temos feito esse povo
sofrer. É claro que as classes mais humildes estão mais aliviadas, mas a classe
média desaparece. Onde nós vamos parar? Eu sou nacionalista, tenho formação de
quartel e estou assustado, porque para onde vamos de pacote em pacote? Não sei.
Já houve o pacote 51; agora está para sair um outro pacote. Talvez 102, não sei
- este número é o dobro daquele -, onde o funcionário público aposentado, no
seu dia, paradoxalmente, tem os seus vencimentos praticamente abocanhados pelo
Governo.
Mas
eu pergunto a V. Exas.: se somos trinta e três Vereadores, nós temos responsabilidades.
Se ninguém falar aqui, Porto Alegre não fala. Se são trinta e três Vereadores,
cinqüenta e cinco Deputados, se esses oitenta e oito homens não falarem alguma
coisa, quem falará? O homem da rua? Ninguém o escuta. Mas aqui tem que ficar
marcada, praticamente consagrada, esta minha posição: não entendo para onde o
País está sendo levado. Não sei e não consigo compreender e, se eu não consigo
compreender, eu, que medianamente sou instruído, sou intelectualizado, até sou
doutor, se eu não entendo, como é que o homem pobre, o homem simples, o homem
do mundo vai ter uma explicação para esta caminhada em direção ao abismo, em
direção ao caos?
É
claro que esta dívida interna é o grande problema do Brasil. Se o País não
estivesse fragilizado, a economia internacional pouco influiria aqui. A
Argentina resiste, em muito melhores condições do que nós; a Rússia se
desmoronou, deu o calote; o México já passou por grandes atribulações, mas e
nosso Brasil? O Brasil está completamente desguarnecido. O dinheiro, o capital
espoliativo entrou por aqui e devastou o Brasil. Sumiu em vinte e quatro horas,
em quarenta e oito horas. Ficamos com 40 bilhões de dólares. Mas todos sabiam
que este era o capital estrangeiro, e é por isso que nós emitimos títulos com
juros incríveis, que nós mesmos que tínhamos que resgatar. Nós somos vítimas de
nossos juros. Mas que política é essa? Eu não entendo; para onde estamos
caminhando? Para onde estamos indo, meus amigos e companheiros? Auxiliem-me e
tomem posições, independente de partido. É a Pátria que está em perigo. É a
Pátria, é o Brasil. O que nos espera?
V.
Exa. é um Deputado Federal eleito, Ver. Henrique Fontana. V. Exa. tem que ir
para lá e tomar posições, praticamente, até desagradáveis. Eu tinha essa
vontade. Quis ir para a disputa de Deputado Federal, mas não consegui, talvez
até por causa da idade. Iria dar, talvez, os meus últimos momentos de vida pela
minha Pátria. É bem verdade que V. Exa. ficará entre quinhentos e treze
Deputados, uma bancada muito reduzida de trinta e dois Deputados do Rio Grande
do Sul, mas há uma esperança.
Então,
Sr. Presidente, o que eu tinha que dizer é que estou aqui engolindo isso há
mais de dois meses para fazer um pronunciamento de tribuna, porque sou
completamente livre. Nem o meu partido tem a ver com o que eu digo. É a minha
Pátria que está em perigo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, subo à
tribuna ainda sob o impacto do pronunciamento do Ver. Pedro Américo Leal, que
cobra a presença de nós todos nesse debate, num direito legítimo, que eu não
posso responder neste exato momento na medida em que tenho que ficar restrito
ao tema previsto, que é a discussão das propostas orçamentárias da
Administração Centralizada e de suas Autarquias. Isso não quer dizer que eu não
volte ao assunto, só que, no momento, ele fica restrito ao Projeto de Lei do
Executivo 035/98, que estima a receita e fixa a despesa da Administração Direta
do Município para o exercício econômico-financeiro de 1999.
É
um projeto simples, Sr. Presidente, é mais uma Lei de Meios que, cumprindo
mandamentos orgânicos, chega aqui na Casa, mas a sua simplicidade aparente
precisa ser melhor esmiuçada, eis que temos que cumprir essa etapa da discussão
orçamentária. É tão claro que não é simples essa matéria que é uma observação
colocada pela nossa diligente Diretora Legislativa, quando diz que, “devido ao
volume de planilhas que integram esse decreto, elas não serão distribuídas por
cópia; entretanto, ficam à disposição para consulta, acompanhadas do processo.”
Foi o que fizemos e estamos fazendo. Eu só registro, não como crítica, mas até
como louvor à nossa Diretoria Legislativa, que se alerte que nós não podemos,
simplesmente, pegar esse processo e dizer: “Está lido.” Não! Há um monte de
coisas a ele vinculadas e que têm que ser examinadas. Até porque, se
examinarmos tudo isso, encontraremos algumas respostas, como aquela do Ver.
Isaac Ainhorn, que, da sua tribuna, cobrava, no microfone de apartes, qual
seria o percentual do Orçamento do Município que foi disposto no decantado
Orçamento Participativo.
É
preciso compilar vários elementos; é preciso verificar quanto, realmente, é
investimento nesse total de R$ 891.000.000,00 de que dispõe a Lei de Meios;
quanto é custeio; quanto é verba/recurso comprometido com finalidade
específica; quanto, efetivamente, foi possível ocorrer (sic), Vereador, nessa
parte inicial do Orçamento, que é elaboração sua, para o qual V. Exa., Ver.
Pedro Américo Leal, nesse particular tem razão: o Executivo Municipal faz como
quer, consulta a quem bem entender, pega o assessoramento de quem entender
adequado e passa para nós deliberarmos, dando-nos o máximo de elementos para
que nós possamos fazê-lo adequadamente.
Está
escrito aqui, Sr. Presidente, manuseando mais de um documento - o Projeto em si
e um dos seus anexos -, que o total de investimentos do Município no
ano de 1999 está orçamentariamente previsto na ordem de R$ 104.995.000,00 e que
desse total existem vinculações absolutas de alguns recursos, tipo: R$
48.459.000,00, que, obrigatoriamente, têm que ser empregados na construção e
pavimentação de vias urbanas, porque se trata de empréstimo do BID - Banco Interamericano
de Desenvolvimento; R$ 30.361.000,00 têm que ser, obrigatoriamente, utilizados
na implantação da III Perimetral, porque também são recursos oriundos de
financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento; 4 bilhões de reais
terão que ser, obrigatoriamente, utilizados no alargamento da Av. Bento
Gonçalves, porque são recursos oriundos de financiamento específico do BNDES,
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; 496.700.000 milhões são
recursos oriundos do BID, utilizados na modernização fiscal do Município;
5.900.000 milhões são recursos do BNDES, utilizados, obrigatoriamente, no
Corredor Norte-Nordeste.
Enfim,
nessa rubrica 4130 se consomem os chamados investimentos em regime de execução
especial e totalizam, nada mais, nada menos do que 78.872.776 milhões, que,
deduzidos dos 104.996.000 milhões que é o investimento do Município para 1999,
reduzem para 26 milhões de reais aquilo que, ao largo, é o alcance do chamado
Orçamento Participativo na fase de elaboração da Lei de Meios do Município.
Isto é menos de 3%, matematicamente, Ver. Sebastião Melo, V. Exa. que é uma das
mais brilhantes cabeças que essa Casa já aproveitou e está aproveitando na
convivência. Menos de 3% é o decantado Orçamento Participativo, ao largo 2,9%.
O
Ver. Isaac Ainhorn, que em Comunicação de Líder cobrava essa informação, a está
recebendo agora: 2,9% é o montante dos valores que constam, aqui, que podem ter
sido objetos da chamada participação comunitária. Esse é o máximo. Mais do que
isso é impossível, eis que o restante dos investimentos - já comprovei - são
comprovados a finalidades que não podem ser desviadas.
O Sr. Sebastião Melo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Para corroborar o que V. Exa dizendo, não apenas para sublinhar os
3%; o que é mais grave é que quase 50% desse Orçamento Participativo não vem
sendo cumprido pela Prefeitura de Porto Alegre, razão pela qual propus a esta
Casa e fiz um pedido de urgência para que os Vereadores possam acompanhar a
execução do Orçamento, que é uma “caixa preta”, ao longo desses dez anos da
Administração Popular.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, hoje nos despedimos da
Discussão Preliminar, pois é o quinto dia da Pauta Especial e obviamente
voltaremos a ter contato com o assunto. Nesta hora, assinalo o fato de que
estou trabalhando com números oficiais e com o que foi escrito pelo Município
aqui, nessa Lei de Meios e nesse anexo que nos enviaram.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, prestando atenção no seu pronunciamento, e
muito mais - me permita referir - ao pronunciamento do Ver. Sebastião Melo,
acho que, quando ele chamou de “caixa preta” o Orçamento do Município, ele
estabelece um verdadeiro não-conhecimento. Se o Ver. Sebastião Melo tiver
alguma dúvida, pode ler a peça orçamentária e também poderá acompanhar o
Orçamento Participativo e os movimentos.
O SR. REGINALDO PUJOL: Vera. Maria do Rosário, eu não serei o
intermediário entre um debate de V. Exa. com o Ver. Sebastião Melo. A minha
gentileza não permite que eu me transforme num instrumento de uma disputa
política de que não quero participar.
Estou
aqui acentuando uma análise tão técnica quanto possível para uma realidade
política que nos é passada a todo instante. O Rio Grande, como um todo, numa
mensagem que foi “espraiada” pelo Estado, está convencido de que Porto Alegre
vive num paraíso em função do Orçamento Participativo.
Eu,
que sou um homem que muito cedo aprendi que a luta incessante do ser humano é a
busca da felicidade, estou quase descobrindo o caminho do paraíso. Parece que
se consegue o paraíso, obviamente com uma boa manipulação de jogo publicitário,
com 2,9% do Orçamento do Município de Porto Alegre, porque tudo que pode ser
objeto de intervenção do chamado “Orçamento Participativo”, isto é, da
contribuição desses conselhos que assessoram o gabinete do Sr. Prefeito
Municipal na organização da primeira etapa do Orçamento, que é a sua
elaboração, tudo não excede a 2,9% do Orçamento do Município.
Então,
Sr. Presidente, ao me despedir da discussão dessa matéria neste instante,
acentuo uma circunstância. O Orçamento, que mostra tanta coisa, Ver. Lauro
Hagemann - V. Exa. que sabe que é de coração o que vou dizer, que é um
paradigma para mim na sua postura sempre correta e sempre digna -, acaba
escamoteando algumas coisas que são fundamentais.
Nós
sabemos, por exemplo, que o Município tem, pelo menos, duas grandes ações cuja
repercussão cedo ou tarde será fulminante nas suas finanças. É a ação de
indenização aos proprietários de ônibus, objeto da malfadada intervenção do
início da Administração Popular. Os servidores públicos do Município, que estão
sendo hoje largamente homenageados... O Ver. Carlos Alberto Garcia há pouco
homenageava e lembrava que eles vão ser vítimas de uma retirada de recurso por
parte do Governo da União, que vai retirar deles um percentual considerável
dentro do seu ajuste fiscal. Esses servidores do Município, em reiteradas
decisões judiciais, são credores do Município de quantia considerável, que é o
cumulativo de 27% em vários meses, que decorre desde o momento em que foi
interrompido o pagamento regular da política salarial. Aos servidores do
Município existe uma possibilidade, ainda que oblíqua, no Orçamento, quando se
refere à possibilidade de suplementação para enfrentar encargos com pessoais ou
previdenciário. A esse ainda socorre essa possibilidade, ainda que eu não possa
admitir os cálculos preliminares que se fazem. Falam que sequer o valor inteiro
do Orçamento é capaz de suprir esses valores que, a cada dia mais perto,
dependem apenas da decisão de embargos, que todos sabemos que é meramente
protelatória e que deverão ser objetos da cobrança por parte dos municipários.
Sr.
Presidente, o Orçamento, no dia de hoje apresentado no alvorecer desta Sessão
como a melhor manifestação, o melhor resultado, a maior conseqüência do
Orçamento Participativo, é uma peça que mostra tudo, menos o essencial. Mostra
valores, permite discursos, mas, na realidade, escamoteia uma realidade, isto
é, o Orçamento do Município de Porto Alegre, proclamado como decorrência da
vontade popular expressa nas reuniões do Conselho do Orçamento Participativo,
nessas séries de reuniões que na maioria aqui se realizam, dispõe, no máximo,
de vinte e poucos milhões de reais. O resto - não há escamoteio capaz de fazer
com que não se faça o registro - são recursos obtidos através do endividamento
do Município junto a órgãos financeiros nacionais e internacional,
especialmente o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, e a maior parte deles destinada à
realização de obras devidas ao Município de Porto Alegre há longos anos. A III
Perimetral consumirá, neste ano, largas quantias do investimento inteiro do
Município na Cidade, mas essa perimetral é devida à Cidade há longo tempo.
Agora,
Sr. Presidente, quando esse resgate tardio começa a se iniciar, consiste num
adiantamento considerável de recursos que o Município vai buscar em órgãos de
financiamento internacional, e, por ser assim, esse recurso, como outros que já
enunciei, não faz parte da tão decantada vontade popular expressa nas reuniões
do Orçamento Participativo e, sim, de contingência de uma política global que
tem propiciado a vinda de recursos para o Rio Grande. O Governo que acaba de
ser derrotado nas urnas participou, de forma expressiva, na elaboração dessa
realidade. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta Especial. O Ver. José Valdir está com a palavra
em Comunicação de Líder.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no
momento em que saímos de uma das eleições mais bonitas e mais dramáticas,
quando o País inteiro está a mercê de uma grave medida política que vai se
abater sobre o povo brasileiro e especialmente sobre os trabalhadores deste
País, o Ver. Sebastião Melo vem a esta tribuna com uma fotografia, sendo uma
espécie de catão ou censor, fotografando frases nas portas dos gabinetes,
frases que revelam tão-somente a liberdade de expressão que tenho, ou seja, a
de colocar frases na porta de meu gabinete, como os demais gabinetes também têm
essa liberdade, utilizando, como vemos, tantas frases ofensivas ao PT, Frases
que dão um sentido pejorativo ao nosso partido, como a frase “Te ford PT”, que
está aqui na Casa e nos pára-choques dos carros. A frase que coloquei não tem
nada disso. Ao contrário, até uso uma linguagem chula, mas socialmente aceita,
para colocar um pensamento num momento da eleição, frase, inclusive, que foi
dita nos meios de comunicação, como várias pessoas aqui ficaram sabendo.
Ver.
Sebastião Melo, entendo a mágoa do Vereador, porque o seu partido, a sua
coligação aliou-se com os poderosos, representando os interesses dos grandes,
representando os interesses dos monopólios deste Estado, que se utilizou do
monopólio dos meios de comunicação, da manipulação das pesquisas e de todo tipo
de linguagem e atitudes baixas nessa campanha, como os panfletos apócrifos que
foram apreendidos no comitê do seu partido que não conseguiram vencer as
eleições deste Estado.
Então,
entendo a mágoa do Vereador e por que fez toda essa cena para se desviar do
tema que deveria ser debatido nesta Casa, e não ficar preocupado com frases
escritas na porta do gabinete no momento em que estamos diante de um pacote que
se está abatendo como uma bomba sobre o povo brasileiro, um pacote que, no dia
do funcionalismo - isso é o que o Vereador deveria vir aqui discutir -,
abate-se como uma bomba sobre os servidores públicos, que vão passar a ter de
contribuir com a Previdência, que passará a descontar de seus salários o
percentual de 11% para 16%, um pacote que se abate sobre os cidadãos, com o
imposto do cheque, um pacote que se abate sobre os Municípios, que terão o FEF,
por acabar em 1999, sendo prolongado e aumentado em sua retenção na União,
prejudicando os Municípios e os Estados. Vai ser prolongado até o ano 2.006. Um
projeto que descapitaliza as empresas com as medidas adotadas em relação ao
COFINS. Um projeto que cada vez mais aprofunda a dependência do Brasil em
relação ao capitalismo internacional. Um projeto completamente antipovo que
está sendo baixado, a nível nacional, sobre a cabeça de todos os trabalhadores,
abatendo-se sobre os funcionários públicos, que sempre são, nestes governos
elitistas dos últimos tempos, os culpados pelas mazelas deste País.
Neste momento em que todo o Brasil está
preocupado com esta situação, o Vereador sai por aí, como catão ou censor, a
fotografar frases escritas na porta de um gabinete. Não teve nem a decência de
fotografar as outras frases, estas, sim, ofensivas, que estão nas portas dos
outros gabinetes do seu partido, que agora tiraram. Se quiserem montar uma
Comissão de Ética, faço questão de responder, mas esta atitude é que
desmoraliza a Câmara de Vereadores no momento em que o povo gaúcho está
festejando uma grande vitória, uma esperança de mudar este Estado. No momento
em que todo o País, ao contrário, está preocupadíssimo com este pacote que vem
aí para massacrar o povo brasileiro, o Vereador vem aqui desviar a atenção para
discutir firulas. Ora, Vereador, vamos ser mais sérios nesta Casa! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Evidente, Ver. José Valdir, que qualquer insinuação dessas não vai arranhar a
estrutura e a grandeza do PMDB, partido co-irmão que, indiscutivelmente, tem
tido uma história irrepreensível, inclusive inserido na história do Rio Grande
do Sul.
Esperava
o Ver. José Valdir dizer que não fez isso, que era mentira, porque isso pode
ser feito por qualquer pessoa, menos pelos Vereadores que têm a
responsabilidade. E no Código de Ética consta que constitui falta contra a
ética parlamentar todo o Vereador, no exercício do seu mandato, que se utilizar
de propaganda imoderada e abusiva, no regular exercício das atividades para as
quais foi eleito, antes, durante e depois dos processos eleitorais. Só isso já
o envia a uma Comissão de Ética, que, certamente, não aceitará esse tipo de
comunicação, esse tipo de diálogo e de relação que o Ver. José Valdir, na sua
valorosa representação, tem feito, apesar de ter-nos brindado com momentos
excelentes. Esse foi, digamos, um mau momento, como todos podemos ter. Gostaria
que o Vereador dissesse que não fez isso. Não adianta nivelar por baixo, dizer
que os outros fazem, mas admitir que errou.
Vim
à tribuna, fundamentalmente, para reivindicar junto a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre o percentual, em homenagem aos funcionários municipais no seu dia,
principalmente ao funcionalismo do Pronto Socorro Municipal. Neste ano, foi
constatado o sucatamento desse Pronto Socorro, de suas estruturas. De trinta e
seis itens alegados, trinta e quatro foram comprovados pelo Conselho Regional
de Medicina. Deve haver o reconhecimento de que isso está errado, e são dez
anos de administração do PT. Devem corrigir. Disseram que não era verdade, mas
era verdade e hoje os funcionários têm direito a 27,5% sobre os salários,
retroativo a março de 1995. O Superior Tribunal Federal publicará sentença no
Diário Oficial da União, na sexta-feira, e o Ministro Marco Aurélio Mello,
Presidente do Supremo Tribunal Federal, esclarece que a Administração Municipal
ainda poderá postergar o pagamento através de recursos, mas fatalmente terá que
pagar.
Os
plantões extras, tanto no Pronto Socorro Municipal como no Pronto Socorro da
Zona Sul, são remunerados com um valor menor que um plantão normal, porque
nesse valor extra não incide a gratificação de 110%, obrigatória e exclusiva
dos plantonistas - a Lei nº 6.616, de 30 de junho de 1990, que obriga a fazer e
não se faz. A Prefeitura não cumpre a Lei Orgânica do Município, que determina
que a remuneração dos trabalhos aos sábados, domingos, feriados e pontos
facultativos seja, no mínimo, de 100% da jornada normal, sem prejuízo da folga
compensada. Isso está escrito na Lei Orgânica do Município e não é cumprido. A
Administração Municipal não repõe adequadamente funcionários que saem do
Hospital de Pronto Socorro por demissão espontânea, ou por aposentadoria,
sobrecarregando com plantões extras aqueles que continuam trabalhando, porque é
mais econômico convocar plantões extras, sem pagar os 100% que a lei obriga, do
que empossar médicos concursados.
Como
há uma grande falta de funcionários no Pronto Socorro Municipal, há a prática
das chamadas cartas-contrato, que é um estelionato trabalhista. O funcionário
trabalha noventa dias e depois sai sem nenhum benefício.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Ver. Cláudio Sebenelo, o tempo de V. Exa.
já passou quase um minuto. Peço que V. Exa. conclua.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Gostaria que essa pressa fosse adotada a
todos os Vereadores. Hoje, há mais de cinqüenta cartas-contrato no Hospital de
Pronto Socorro, os médicos trabalhando em contrato de experiência por noventa
dias, recebendo 15% de todo o corpo do Hospital de Pronto Socorro. Isso ocorre
na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Seria despiciendo dizer a este Plenário
que este Vereador, 1º Secretário da Casa, sempre que ocupa a direção dos
trabalhos, faz o alerta a todos os Vereadores, independente a que bancada
pertence. Trago à colação, Ver. Cláudio Sebenelo, o testemunho dos Vereadores
desta Casa de que este Vereador, em momento algum, foi parcial e jamais foi
acusado de ser parcial na condução dos trabalhos. V. Exa., que é um Vereador
atuante, meu amigo pessoal, tenho certeza de que vai fazer autocrítica dessa
afirmação feita porque, em momento algum, me utilizei, quando na direção dos
trabalhos, para dar tempo maior a minha bancada. Inclusive, por ela sou
criticado na forma com que atuo na condução dos trabalhos.
Vamos
ingressar no período de Pauta normal e informamos ao Plenário que não há
nenhuma proposição em 1ª Sessão e, por esse motivo, não vou fazer a leitura das
proposições que estão em 1ª Sessão.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que seja
invertida a ordem dos trabalhos e que neste momento passemos, imediatamente, à
Ordem do Dia, passando a Pauta para o final dos trabalhos nesta Sessão.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: A Bancada do PSDB não concorda com a
inversão da Pauta.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência, Ver. Sebenelo, não
colocou em votação o Requerimento da Vera. Maria do Rosário. Esta Presidência
apenas deferiu a solicitação do Ver. Lauro Hagemann de Comunicação de Líder.
Com
a palavra, o Ver. Lauro Hagemann para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a um representante
popular de Porto Alegre seria impossível deixar de comparecer nesta tribuna no
dia de hoje, tão emblemático para a sociedade brasileira. Hoje é o Dia do
Funcionário Público. Há quatro dias tivemos a alegria de eleger Olívio Dutra
para a governança do Estado e hoje estamos tendo o desprazer de ver cair sobre
a nossa cabeça um embrulho fiscal, que vai penalizar a sociedade brasileira em
sua totalidade. Esse embrulho fiscal, é preciso que se diga, com todas as
letras e em alto e bom som, não é um engenho produzido pelos dirigentes
brasileiros. Ele nos foi imposto pelos organismos internacionais. Se o Brasil
não editasse essas medidas que hoje se abatem sobre a Nação brasileira, o
Brasil não teria os recursos que vem solicitando ao Fundo Monetário Internacional
e a outros organismos financeiros. Foi, em palavras mais singelas, uma
autêntica chantagem contra o povo brasileiro. Isso porque a sociedade não está
ainda esquecida das advertências que o candidato do PPS à Presidência da
República Ciro Gomes vinha fazendo há meio ano ou mais para este País. E nós
estamos vendo hoje o acerto daquelas advertências.
O
Governo brasileiro, infelizmente, entregou a soberania brasileira aos
interesses do capital internacional a ponto de hoje ter que se submeter a esse
vexame. Nós não somos mais os condutores da nossa política financeira. Esta nos
é imposta de fora para dentro.
Hoje
se discutiu aqui exacerbadamente a questão do Orçamento para o Município no
próximo ano. Logo mais vai-se discutir o Orçamento do Estado para o próximo
ano, mas serão bases muito cediças, porque um dos itens do “pacote” ou do
“embrulho” baixado hoje aumenta o prazo do COFINS, que é onde estão os recursos
para Estados e Municípios. Sem falar na agressão que se está fazendo aos
aposentados deste País, os funcionários da União que há quatro anos não recebem
um centavo de reajuste e terão que pagar 11%, 16%, 20% acima de 1 mil e 200
reais, quem receber esta quantia. É a isso que se dá o nome de defesa da
cidadania!
Claro
que nós estamos atravessando uma fase conturbada no mundo. Não vamos ignorar
isso. As grandes cabeças já falam numa reestruturação do Sistema Monetário
Internacional, porque o acordo de Bertrand Rousssel, de 1945, está
ultrapassado. São mais de cinqüenta anos. Hoje as condições do mundo mudaram, e
temos que nos adaptar a essas mudanças. Mas não é sacrificando a imensa maioria
do povo, porque quem vai pagar a conta é essa imensa maioria. E se diz que a
Previdência é a grande vilã do processo.
Isso
é tentar passar um atestado de burrice para a imensa maioria do povo
brasileiro. Vamos ter um pouco de comedimento. As nossas autoridades deviam ter
um pouco de bom senso e não agredirem a população desse País com essas
informações.
Por
isso, Srs. Vereadores, quero-me congratular com a Casa pelo resultado da
eleição no Estado e prestar uma singela homenagem a uma pessoa que, se
estivesse viva hoje, mereceria nosso respeito e agradecimento pela contribuição
que deu à vitória de Olívio Dutra: é o velho “Embaixador”, que, se estivesse
sentado ali, estaria se regozijando com a vitória de Olívio Dutra. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Há um Requerimento da Vera. Maria do
Rosário para inversão da ordem dos trabalhos, com a Ordem do Dia em primeiro
lugar. Há, também, um pedido de Comunicação de Líder do Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. LUIZ BRAZ: Se o Ver. Reginaldo Pujol solicitou
Comunicação de Líder, tem prevalência sobre o Requerimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Se vamos cumprir a Pauta agora, posso
utilizar o meu tempo mais tarde.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Maria
do Rosário. Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
encaminhando esta matéria, quero, com a maior tranqüilidade possível, com a
maior abertura possível, fazer algumas ponderações. Essa Casa toda, hoje, foi
submetida a um regime especial de demonstração da sua responsabilidade com as
coisas da Cidade de Porto Alegre. Convocados para as 14h, aqui estivemos;
esclarecidos de que existia um acidente que interrompeu o fornecimento de
energia elétrica, retornamos às 15h; não resolvido o problema, permanecemos
aqui, até que, próximo das 16h, foi possível se realizar uma Sessão
Extraordinária.
O
que se dizia aos que foram mantidos aqui, alguns dos quais transferindo
compromissos para que tivéssemos tamanha consciência de responsabilidade
pública, capaz de afrontar alguns casos fortuitos que ocorrem aqui e acolá,
como foi o estrago do equipamento que compõe a nossa rede de distribuição de
energia... Foi dito que tínhamos que cumprir a Pauta, até numa homenagem aos
autores dos projetos que não correm a Pauta, em função de que este período
pós-eleitoral tem ensejado uma série de situações que dificultam, tecnicamente,
o desenvolvimento de alguns trabalhos. Não me digam, porque será impróprio, que
na Pauta não há problemas de maior repercussão porque se trata de homenagem etc
e tal. Não é bem assim. Qualquer projeto que tramite nesta Casa tem que ter o nosso
respeito e a nossa consideração e tem que ter, sobretudo, o nosso predisposto
posicionamento no sentido de dar a ele o devido acatamento.
Quero
dizer, Sr. Presidente, que, se nós estivemos aqui durante mais de uma hora
discutindo a Pauta Especial, projetos que tratam das leis orçamentárias de
origem do Executivo, não me parece correto, Ver. Sebastião, que agora os
projetos que vêm do baixo clero, que vêm dos detentores de mandato popular, que
vêm daqueles que são modestos representantes do povo e que procuram fazer
projeto de lei de acordo com o seu entendimento... Vamos, agora, dizer o
seguinte: "Já cuidamos dos projetos do rei; não vamos cuidar dos projetos
do baixo clero; esta Pauta não precisa correr." Jogar esta Pauta para
depois da discussão da Ordem do Dia é dizer, claramente, que nós não queremos
vê-la cumprida no dia de hoje. Não vamos nos enganar. Isso aqui, Ver. Paulo
Brum, é absolutamente tranqüilo, porque jogar esta Pauta para depois da Ordem
do Dia é não cumpri-la no dia de hoje. É determinar que vai voltar na
quarta-feira que vem, próxima oportunidade em que esta Casa vai-se reunir em
Sessão Ordinária.
Por
isso, Sr. Presidente, com tranqüilidade, com serenidade, estou colocando a
razão pela qual me oponho a esta alteração que aqui vai ser feita, se a Casa
concordar, da dos trabalhos.
Não
faço fato novo, porque vivo me rebelando contra essas constantes alterações
que, a pretexto de agilizar os trabalhos, só complicam e os retardam. Eu estou
pronto. Tem que mudar, vamos mudar. Não tem que mudar, que é o meu ponto de
vista, vamos continuar do jeito que estamos trabalhando desde quando chegamos
aqui nesta Casa antes das 14h, sem energia elétrica, e fomos aguardando,
aguardando para que se iniciassem os trabalhos próximos das 16h, com o pressuposto
fundamental: precisamos cumprir a pauta dos trabalhos para que nenhum processo
fique aí dormindo por todo esse feriado que se avizinha. Pessoalmente, vou
votar contra essa inversão, porque acho que é um desrespeito com os
companheiros que têm projeto em Pauta não vê-la hoje examinada, hoje
transcorrida, como é o mandamento regimental. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra
para encaminhar pelo PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje,
nesta Casa, aconteceram algumas situações atípicas. Primeiramente, a Sessão de
hoje, que deveria começar no horário regimental, não foi possível pela falta de
luz na Casa, motivada pela entrada de um gato na tubulação. A Sessão foi
transferida para as 15h; não sendo possível porque não havia voltado a energia,
a Sessão só teve início por volta de 15h30min. E, normalmente, toda a Sessão
tem um trâmite. Então, estamos muito surpresos, neste momento, pois queriam
fazer uma inversão do período de Pauta, que é um período em que, normalmente,
os Vereadores fazem suas colocações. E hoje, particularmente, há um projeto de
nossa autoria tramitando, sobre o qual temos interesse particular em falar.
Por
isso, neste momento, não concordamos com essa inversão, até porque este
projeto, que acredito que vai ser votado, está praticamente há três semanas
nesta Casa esperando por ser votado. E nem um outro projeto é importante. Os
Vereadores sabem, mas o telespectador não sabe, que o projeto que vai ser
votado é um projeto que teve o veto do Sr. Prefeito, e nem um outro projeto
pode ser votado sem que seja votado este projeto. Mas, neste momento, não
concordamos com a inversão de pauta. Nós queremos que se sigam os trâmites
legais, até porque são mais vinte minutos. Pois uma Sessão tumultuada, que
deveria começar às 14h e começa às 15h30min, que vá até às 21h. É este o nosso
entendimento e, por isso, vamos votar contra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para encaminhar pelo PT.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
primeiro, quero fazer um registro ao Ver. Reginaldo Pujol de que, se não for
cumprida a Pauta do dia de hoje, os projetos não ficam prejudicados e passam ao
debate na quarta-feira que vem. Eu examinei os projetos que estão em Pauta e
verifiquei que são projetos de denominação de praças e de ruas; são importantes
para a Cidade de Porto Alegre, sem sombra de dúvidas, mas não são prejudicados
em nada.
Gostaria
de fazer um registro de que nós estamos, há quase um mês e meio, com os
trabalhos da Ordem do Dia trancados pela não-apreciação do Veto do Prefeito às
emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Esta
Casa tem uma responsabilidade em relação ao cidadão que nos ouve, que nos
acompanha, no sentido de votar, de uma vez por todas, os vetos e continuar
apreciando a enormidade de projetos que estão na Ordem do Dia. São mais de
trinta projetos que estão na Ordem do Dia trancados, porque estamos há um mês e
meio “ensebando” para analisarmos e votarmos a questão do Veto. Hoje alguns
usam o argumento de que não queremos de novo votar vetos porque há projetos
importantes na Pauta e que temos que discutir a Pauta. Se não discutirmos a
Pauta hoje, ela será discutida na quarta-feira sem nenhum prejuízo. Ou nós
assumimos que existe uma “enrolação” para ter número para derrubar o Veto do
Prefeito? Aí nós temos que fazer o debate sobre o que são esses cinco Vetos à
Lei de Diretrizes Orçamentárias. De forma exaustiva, nós fizemos o debate aqui
da necessidade desses vetos. Ou enfrentamos isso ou vamos continuar trancando a
ordem dos trabalhos na Casa, dificultando os trabalhos.
Hoje
nós temos que assumir, e é isso que vamos fazer ao votarmos esse Requerimento.
Vamos dar uma resposta à Cidade de Porto Alegre votando o Veto hoje e fazendo
com que os trabalhos continuem, não prejudicando em nada a Pauta, porque ela
poderá ser discutida na quarta-feira que vem do jeito que ela está. Projeto
nenhum será prejudicado na Pauta. Este registro é necessário que se faça: há um
mês e meio o Veto está trancando a Ordem do Dia porque não está sendo votado. É
do nosso entendimento que hoje a Casa tem que dar uma resposta a isso,
aceitando esse Requerimento, invertendo a Ordem do Dia, entrando na votação do
Veto e fazendo o debate necessário. Os Vereadores têm que assumir o debate dos
vetos e não se esconder atrás da retirada de quórum, da manobra de ficar
“enrolando” a pauta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar pelo PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é
verdade, tem razão o Ver. Renato Guimarães: há um mês e meio nós não
conseguimos votar absolutamente nada, segundo suas informações. Eu não diria há
um mês e meio, ao que me consta, de acordo com a informação que obtive outro
dia do Presidente desta Casa. Primeiro: este Veto acha-se na Ordem do Dia,
Vereador, desde o dia 5 de outubro. De 5 de outubro até agora tivemos
aproximadamente oito a nove Sessões Ordinárias, e nesse período, V. Exa. sabe,
ocorreu uma grande eleição no Estado, segundo turno, com a vitória do candidato
Olívio Dutra. Eu quero dizer que em inúmeros momentos eu vivi situações de
retirada de quórum com a anuência, inclusive, da bancada de V. Exa.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Renato Guimarães.)
Eu
não vou polemizar, porque em encaminhamento não cabem apartes. Eu me recordo,
aqui, em momentos diversos, da ilustre e brilhante Vera. Maria do Rosário,
Líder da Bancada do PT, essa edil, e já Deputada pela consagração das urnas,
ter articulado a única forma que poderia se ter de prorrogar a votação deste
Veto, que é a retirada do quórum. Até nem vou criticar, porque a retirada de
quórum para articulações das bancadas faz parte de um expediente regimental e
nós sabemos que quem quer derrubar veto, num quórum de trinta e três
Vereadores, precisa ter dezessete Vereadores presentes. É óbvio que os que
querem derrubar o Veto vão querer sempre ter os votos necessários. No momento
em que sentirem que não têm os dezessete votos, é evidente que tentarão um novo
momento no sentido de enfrentar, não o debate, mas a votação do Veto, adiando a
votação. E o único instrumento que têm aqueles que querem ver derrubado o Veto
é a retirada do quórum.
Quantas
vezes, como Vereador desta Casa, vi o talentoso Ver. Henrique Fontana, que já
foi Líder da bancada petista, articulando as retiradas de quórum porque era o
único expediente regimental que lhe restava. Certamente de uma coisa V. Exas.
podem estar bem convictos: da experiência nesta Casa, do brilhante mandato que
o Ver. Henrique Fontana desempenhou nesta Casa. Não tenham dúvida nenhuma, o
Ver. Henrique Fontana, quando estiver em Brasília, no exercício do seu mandato
de Deputado Federal, participará de inúmeras articulações que serão feitas
naquele Plenário, com aquela experiência que ele adquiriu aqui nesta Casa,
embora seja o nosso desejo - também o desejo do Ver. Milton Zuanazzi - vê-lo,
até pela legitimidade do voto, a maior legitimidade do regime democrático, e V.
Exa. tem todas as condições para, numa única hipótese, não assumir a sua
cadeira de Deputado Federal, que é a hipótese de V. Exa. vir a integrar o
Secretariado do Governador Olívio Dutra.
Portanto,
gostaríamos de ver aprovada a entrada imediata na Ordem do Dia. Votarei nesse
sentido e falarei com a minha bancada. Também estaremos nessa linha. Nós temos
um veto. Há uma idéia maravilhosa introduzida à Lei de Diretrizes Orçamentárias
pelo Vereador Líder da nossa bancada, Nereu D’Ávila, que é o crédito educativo
na Cidade de Porto Alegre. Queremos contar com o apoio da bancada petista e, se
não contarmos, seremos obrigados a rearticular as nossas forças e voltarmos num
outro momento para derrubarmos o Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. GILBERTO BATISTA (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicito a V. Exa.
uma cópia de inteiro teor do projeto que se refere ao Veto Parcial da LDO.
O SR. PRESIDENTE: Eu solicito à Diretoria Legislativa que
faça a entrega a V. Exa. de uma cópia desses projetos para que V. Exa. possa
acompanhar todas as discussões que se travarão aqui neste Plenário.
Quero
avisar que o Decreto da Planta de Valores, que instrui também os processos do
Orçamento, encontra-se à disposição dos Srs. Vereadores. Vamos colocar algumas
cópias desse Decreto à disposição dos Vereadores a fim de que aqueles que
quiserem fazer uma consulta possam fazê-la com tranqüilidade.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, a disponibilização dessas
cópias será no dia de hoje?
O SR. PRESIDENTE: Nós estamos tirando as cópias. Já
pedimos que a Diretora Legislativa as faça para serem colocadas à disposição
dos Vereadores. Fizemos apenas algumas porque o processo é bem grande.
O SR. REGINALDO PUJOL: Fico grato a V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Maria
do Rosário, que solicita que passemos imediatamente à Ordem do Dia.
O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro votação
nominal para esse Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente, será feita votação nominal.
(Após a chamada.) APROVADO por 16
votos SIM, 02 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, quem fará uso da palavra
em Comunicação de Líder, pelo PFL, será o Ver. Gilberto Batista .
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
primeiramente, gostaria de saudar no dia de hoje o funcionalismo público, dia
marcante na vida desses funcionários tanto municipais, quanto estaduais e
federais. Cabe a esta Liderança saudar com muita determinação aquelas pessoas
que trabalham, que se dedicam e que estão prontas a atender o público na esfera
municipal, estadual e federal.
Coube
a mim também vir à tribuna para fazer o registro de que há três dias tivemos
eleições no Estado e metade deste Estado escolheu o candidato a Governador Sr.
Olívio Dutra. Venho aqui, publicamente, dizer às pessoas que nos assistem pelo
Canal 16 que espero que o Governador eleito, Olívio Dutra, possa cumprir todas
as suas promessas feitas para que o nosso Estado possa ter um caminho a seguir
futuramente.
Outra
questão foi o fato lamentável que se deu, hoje à tarde, aqui no Plenário, com
fotos, discussões, e o Ver. Sebastião Melo fazendo uma denúncia e o Ver. José
Valdir, usando o tempo de Líder, não só para se defender, mas também para
falar. No momento em que foi discutido o assunto, em que foi feita a denúncia,
o Ver. José Valdir citou, indevidamente, o Partido da Frente Liberal como sendo
um dos partidos que teria alguma frase em algum dos nossos gabinetes ou
espalhada pela Câmara Municipal. Isso não é verdade.
O
Ver. José Valdir é uma pessoa honesta, respeitável, e sei que numa próxima
oportunidade, desta tribuna, ele irá corrigir essa informação de que, no calor
da emoção, o Partido da Frente Liberal estivesse junto nessas denúncias que
aconteceram nesta Casa. Quero deixar claro que o Partido da Frente Liberal foi
injustamente citado nesse episódio pelo Ver. José Valdir, mas tenho a certeza
de que, em outro momento, que em outra oportunidade se fará justiça. O Partido
da Frente Liberal, em nenhuma circunstância, vai usar esse tipo de subterfúgio
para coagir, para denegrir a imagem de quem quer que seja dentro desta Casa,
fora desta Casa ou onde estivermos. Então, Sr. Presidente, quero deixar
registradas, aqui, publicamente, essas duas posições e deixar claro que o
Partido da Frente Liberal esteve coligado com o PMDB e os demais partidos.
Acatamos essa derrota no Rio Grande do Sul com muita democracia e estamos nos
mobilizando para a eventual eleição no ano 2000, onde disputaremos a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre e também cargos de Vereadores nesta Câmara.
Por
último, Ver. Henrique Fontana, não tive a oportunidade publicamente de
homenageá-lo pela sua brilhante vitória nas urnas. Espero que V. Exa. possa
realmente defender de maneira pluripartidária o Estado do Rio Grande do Sul.
Também quero parabenizar a Deputada Maria do Rosário, que se elegeu para a
Assembléia Legislativa, e que ela possa também ajudar o Estado, agora nas mãos
do Governador Olívio Dutra, a traçar o caminho prometido por ele. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de registrar a
presença do ex- Diretor-Presidente da EPATUR, nosso amigo José Carlos Mello
D’Ávila. Seja bem-vindo. Já está aí a longo tempo e tem passado por esta Câmara
para acompanhar essas discussões que chegam perto da discussão do Veto da LDO,
bem como está presente, também, o Coordenador do GAPLAN, Gabinete do
Planejamento do Governo Municipal, Ubiratan de Souza, sempre bem-vindo.
Havendo quórum, passamos à
PROC.
1798/98 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/98, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 1999 e dá outras providências.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela manutenção do Veto Parcial;
-
da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela manutenção do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos
favoráveis dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- discutiram a matéria os
Vereadores: L. Braz, J. Dib e P. A. Leal;
- na sessão de 26 do corrente, foram votados vetos
parciais referentes ao inciso VI do Art. 16 e ao parágrafo único do Art. 11. A
sessão encerrou-se quando da apreciação do veto parcial ao Art. 1º, tendo
encaminhado a matéria o Ver. J. Dib.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO
- rejeita o Projeto,
aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o Veto Parcial ao PLE nº
017/98. Está em encaminhamento a matéria referente ao art. 1º.
Cabe
fazer um esclarecimento a este Plenário em função de consulta do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que foi encaminhada à CCJ, pela segunda vez, e está em nossas mãos
para que o nosso 1º Secretário faça a leitura.
O SR 1º SECRETÁRIO: (Lê.) "Considerando o Of. nº
1582/98, de 8 de outubro de 1998, firmado pelo Presidente deste Legislativo, e
a resposta dada ao mesmo pelo Chefe do Poder Executivo através do Of. nº
420/GP, de 8 de outubro de 1998, cumpre a esta Comissão de Constituição e
Justiça firmar o que segue: o Veto abrange a totalidade do art. 1º do PLE nº 017/98."
O SR. PRESIDENTE: Não havendo quem queira encaminhar,
passamos à votação nominal do art. 1º ao Veto que estava em discussão.
(O
Sr. 1º Secretário procede à chamada nominal.)
Há
quatorze Vereadores presentes. Todos votaram "não". Constata-se que não há quórum mínimo necessário
de Vereadores. Por essa razão encerramos a presente Sessão.
O SR. GUILHERME BARBOSA: O Ver. Isaac Ainhorn não está presente?
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn não está presente
neste Plenário. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h43min.)
* * * * *